A Palestina, à exceção da parte mais meridional, é terra de ribeiros d”águas e de fontes que correm das montanhas e dos vales (Dt 8.7 a 9). As primeiras chuvas caem em outubro. Não são chuvas contínuas, mas intermitentes, dando isso ocasião a que o lavrador possa semear trigo e cevada. Continua a chuva a cair por intervalos durante os meses de novembro e dezembro, havendo ainda em março e abril dias chuvosos. Nos restantes meses até outubro, o tempo é seco, vendo-se o céu sem nuvens. Logo que no mês de outubro o chão é amolecido pelas chuvas, principia a semeadura de trigo, cevada e lentilhas. o arado dos antigos hebreus era, provavelmente, semelhante aos de hoje, constando de uma vara grossa feita de duas peças, às quais se prendia uma travessa onde se atrelava uma junta de bois. Na outra extremidade era metida uma peça num ângulo obtuso, que terminava por baixo na relha e havia uma grosseira rabiça na parte superior. os bois eram impelidos por meio de uma vara com aguilhão, a qual era também empregada para quebrar os torrões de terra ou limpar o arado. A ceifa começa no fim de março ou princípio de abril. A colheita da cevada vem primeiro, sendo a última a do trigo em meados de maio. o tempo da ceifa durava sete semanas. o trigo era segado com uma foice e, reunido em molhos, era levado para a eira, um terreno circular, exposto ao vento, com uns vinte metros de diâmetro. Aqui era o grão liberto da palha mediante o andar de bois ou jumentos sobre o trigo. Porções de trigo eram também algumas vezes debulhadas por meio de um mangual (is 28.27) – mais freqüentemente, porém, se empregava um instrumento, que constava de uma armação de madeira, com pedras pontiagudas metidas em buracos na parte inferior, posta em contato com o trigo. Esta armação era puxada por bois, e muitas vezes o agricultor sentava-se em cima para aumentar o peso. Também se usava para a debulha um revestimento de madeira adaptado às rodas de um carro, com certo número de lâminas para cortar o trigo. Depois, quando soprava levemente o vento, levantava-se com pás de madeira a palha com o grão, caindo este na eira e levada aquela pelo ar fora. o trigo ainda era limpo das pedras e impurezas agitado numa joeira (Am 9.9). A palha mais comprida servia de alimento para os bois (is 11.7), não tendo valor a restante. A colheita era armazenada em lugares subterrâneos (Jr 41.8). Em troca de ouro e prata e artigos de luxo, abastecia a Palestina, com o conteúdo dos seus armazéns, os mercados de Tiro e Sidom, onde se reuniam também as mercadorias de todas as nações desde a Espanha à india. Nas minuciosas descrições de Ezequiel sobre a grandeza de Tiro, ele menciona o trigo entre os diversos artigos, que a Fenícia importava de Judá no seu tempo, o sexto século antes de Cristo. Mais de seis séculos depois vemos que é ainda Canaã que fornece trigo à Fenícia, pois uma missão especial veio, cerca do ano 44 d.C., ao rei Herodes Agripa, da parte de Tiro e Sidom, pedindo paz, porque o seu país era sustentado pelas terras do rei (Atos 12.20).