É universalmente reconhecido que o livro foi escrito pelo grande profeta, cujo nome é mencionado no seu título. A DATA do seu aparecimento nos é indicada no fato de Ezequiel ter começado a profetizar no ano quinto do cativeiro do rei Jeoaquim (1.2), isto é, no reinado de Zedequias (592 a.C.), continuando as suas profecias até ao ano 27, pelo menos (29.17). o ano em que começou o seu ministério profético foi o 30 do reinado de Nabopolassar e da reforma de Josias. Que a sua influência era grande entre o povo, está claro pelas numerosas visitas que lhe faziam os anciãos que iam ter com ele para saberem que mensagens tinha recebido de Deus (8.1 – 14.1 – 20.1, etc.) o livro pode dividir-se em nove seções, que, pela maior parte, podem cronologicamente ter a seguinte disposição: i. Chamada de Ezequiel ao ministério profético (1 a 3.14), no quinto ano do cativeiro de Jeoaquim, 594 a.C. ii. Predições e representações simbólicas sobre a próxima destruição de Jerusalém e sofrimentos] do povo, sendo anunciada a promessa da preservação de uma parte remanescente (3.15 a 7), que foi libertada no ano da chamada do profeta. iii. Visões que o profeta teve quatorze meses depois das precedentes, nas quais se mostra o templo poluído pelos cultos idólatras do Egito, da Fenícia e da Assíria. Depois vem descrito o castigo que veio sobre os habitantes de Jerusalém e sobre os sacerdotes, sendo apenas poupados, por exceção, alguns fiéis. Finalmente, brilham as promessas de tempos mais felizes e de um culto mais puro (cap. 8 a 11). iV. Uma série de repreensões e de avisos contra os predominantes pecados e erros do povo, e chama então os judeus ao arrependimento – e, renovando as suas ameaças de castigo, declara que o sofrimento deles é conseqüência dos seus próprios atos e não somente dos pecados de seus pais (cap. 12. a 19). *veja outra série de avisos, que apareceram um ano mais tarde, anunciando o profeta que se aproximavam novos julgamentos divinos, acompanhados, porém, das promessas de melhores tempos pela misericórdia do Senhor (20 a 23). Vi. Predições proferidas dois anos e cinco meses depois, no nono ano do cativeiro do rei Jeoaquim, anunciando aos judeus expatriados o cerco de Jerusalém, que começava naquele mesmo dia da profecia (vede 2 Rs 25.1), e assegurando-lhes a completa destruição da cidade (24). Vii. Predições de que iam ser castigadas por julgamento divino as nações pagãs, vizinhas da Palestina (25 a 32) – e eram essas as que especial hostilidade tinham mostrado para com a Judéia: Amom, Moabe, Edom, Filístia, Tiro, Sidom e Egito. Estas profecias foram feitas por intervalos, desde o ano undécimo ao 27 do cativeiro de Jeoaquim. Viii. Depois da destruição de Jerusalém, são dirigidas exortações aos judeus para que se arrependam e reformem as suas vidas. Profetiza a restauração de israel, como rebanho guiado por Davi, o seu pastor – também é predita a destruição dos seus inimigos, primeiramente o país de Edom, e mais tarde o ‘de Gogue, da terra de Magogue’ – e por último são anunciados os triunfos do reino de Deus sobre a terra (33 a 39). iX. Representações do estabelecimento e prosperidade do Reino de Cristo, debaixo das figuras simbólicas de uma nova divisão da terra de Canaã, da reedificação do templo, e da reorganização dos seus serviços (40 a 48). o livro acha-se, em grande parte, escrito em prosa poetizada, embora sejam intercaladas muitas passagens de pura poesia.