estalagem

A proverbial hospitalidade no oriente tornava desnecessária, nos tempos antigos, a estalagem, sendo esta um assunto em que não se pensava. Foi somente em tempos posteriores que, nas pouco freqüentadas estradas da Palestina, onde a distância era considerável entre povoação e povoação, ou mesmo nos subúrbios das cidades (Lc 2.7), foram regulares hospedarias, ou caravançarás, construídas com o fim de alojar os estrangeiros. os sítios precursores destas estalagens eram simplesmente as nascentes d”água, que se escolhiam como bons lugares de acampamento para viajantes (Gn 42.27 – 43.21 – Êx 4.24). No decorrer do tempo foram estes sítios de águas metidos entre paredes – ou então um espaço murado as preparava perto da nascente, no qual estavam seguros os animais da caravana durante a noite. Depois as coisas foram melhorando, de forma que, dentro de um certo recinto já havia compartimentos onde, com certo resguardo, podiam recolher-se as famílias (Jr 9.2 – 41.17). Como os modernos khans, eram estes lugares umas construções abertas, sendo o espaço do meio reservado para animais de carga ou para veículos. Alguns dos khans, porém, eram de dois andares, tendo os quartos de cima portas para umas galerias que havia em toda a volta. Nem os compartimentos superiores nem os inferiores tinham qualquer espécie de mobília, a não ser que possa dar-se este nome a um estrado para dormir. Também não se preparava alimento para os viajantes – mas algumas vezes havia uma espécie de venda anexa à estalagem, onde se podia abastecer do necessário mediante pagamento. Um exemplo disto ocorre na história do bom samaritano (Lc 10.35). Foi numa estalagem como esta que Moisés se deteve, quando voltava do pais de Midiã para o Egito (Êx 4.24) – os irmãos de José também fizeram pouso num lugar semelhante, e estavam realizando os últimos preparativos para a grande viagem de regresso à sua casa, quando descobriram que o dinheiro destinado ao pagamento do trigo tinha sido colocado nos seus sacos (Gn 42.27). Nas estalagens maiores, as aberturas arqueadas davam acesso a séries de dois quartos, servindo o interior para mais oculta pousada e para se armazenarem com mais segurança as mercadorias. Muitas hospedarias tinham, também, estrebarias em lugar separado da casa – foi num lugar como este que a Virgem Maria deu à luz o seu filho Jesus (Lc 2.7).