O livro é chamado de Levítico porque é, em essência, um manual religioso para o uso dos levitas, sacerdotes encarregados do culto, escolhidos entre os membros da tribo de Levi. A tradição judaico-cristã atribui isso à pena do patriarca Moisés, como os outros livros do Pentateuco.
Mas a concepção do autor no Pentateuco não é entendida como a entendemos hoje.
Sobre o que é o livro de Levítico?
Os judeus de língua grega chamavam o terceiro livro do Pentateuco de LEVÍTICO. Esse nome dá uma ideia bastante adequada de seu conteúdo, pois consiste quase que exclusivamente nas prescrições rituais que os sacerdotes da tribo de Levi deveriam pôr em prática.
A primeira parte do Levítico é dedicada ao ritual de sacrifícios). Em seguida, vem o cerimonial para a investidura dos sacerdotes, e a lei sobre o puro e o impuro, que se conclui com o ritual do grande Dia da Expiação, eles contêm a chamada “Lei da Santidade”, que é encerrada com uma série de bênçãos e maldições. Em anexo, determina as condições para o resgate de pessoas, animais e bens consagrados ao Senhor. Levítico pertence inteiramente à tradição “sacerdotal”. Daí seu estilo meticuloso e preciso, sobrecarregado de termos técnicos e repetições. Esta é uma característica de todas as leis de culto, que se estendem aos menores detalhes para garantir a eficácia dos ritos.
Embora o Livro tenha recebido sua forma final na comunidade pós-exílica, alguns dos elementos que o compõem têm origem muito antiga. As proibições alimentares e as regras de pureza preservam vestígios de uma época primitiva, cheia de tabus e concepções mágicas. O
cerimonial do grande Dia da Expiação justapõe a um rito arcaico um conceito muito elevado de pecado. Como no restante do Pentateuco, as leis são enquadradas em uma estrutura narrativa. Mas em Levítico essa estrutura é muito simples e quase sempre reduzida a uma fórmula convencional, o que faz com que todo o culto israelita dependa de uma ordem dada por Deus a Moisés no Sinai. Isso destaca a relação do culto com o Covenant.
Ler Levítico quase inevitavelmente deixa a impressão de que seu conteúdo pertence a uma cultura distante e estranha ao homem moderno. Isso é verdade, mas visto em seu contexto histórico, o Livro testemunha um sentido muito profundo de transcendência divina e da preocupação em formar um Povo santo, consagrado ao culto do Deus verdadeiro no meio das nações pagãs. A antiga Lei era apenas “a sombra dos bens futuros” ( Hb 10.1 ), e o único Sacrifício de Cristo fez expirar todo o cerimonial do antigo Templo. Mas as exigências de santidade e pureza no serviço de Deus permanecem sempre válidas, e a referência a Levítico é indispensável para a compreensão de muitas passagens do Novo Testamento., que nos fala de Cristo e de seu sacrifício redentor. O RITUAL DOS SACRIFÍCIOS Como os israelitas estiveram em cativeiro no Egito por 400 anos, o conceito de Deus foi distorcido pelo politeísmo e paganismo dos egípcios.
O propósito de Levítico é fornecer instruções e leis para guiar um povo pecador, mas redimido em seu relacionamento com um Deus santo. Há uma ênfase em Levítico sobre a necessidade de santidade pessoal em resposta à santidade de Deus. O pecado deve ser expiado por meio da oferta de sacrifícios adequados. Outros tópicos abordados no livro são dietas (alimentos limpos e impuros), parto e doenças, que são cuidadosamente regulamentados. O capítulo 16 descreve o Dia da Expiação, quando um sacrifício anual era oferecido pelo pecado acumulado pelo povo. Além disso, o povo de Deus deveria ser sóbrio em sua vida pessoal, moral e social, em contraste com as práticas costumeiras dos pagãos ao seu redor.